quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Novas tecnologias exigem novos conteúdos

Para Ana Teresa Ralston, da Abril Educação, desafio do mercado editorial é criar livro didático 100% multimídia

Nathalia Goulart
Menina usa iPad em loja de Londres
(Foto: Dan Kitwood/Getty Images)
O mercado editorial e as empresas de sistemas de ensino começam a se preparar para uma nova realidade: a do livro didático digital. Com dispositivos como laptops, e-books e iPads, um novo cenário se apresenta para a educação. E também novos desafios. “Novas tecnologias requerem novos conteúdos”, diz Ana Teresa Ralston, diretora da tecnologia de educação e formação de professores da Abril Educação - grupo que reúne editoras e sistemas de ensino e é controlado pela família Civita, que também é dona da editora Abril, que publica VEJA. Convidada a falar sobre o tema em um painel especial da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que se encerra neste domingo, a especialista, diz que ainda é preciso investir tempo e recursos para criar um livro didático 100% digital e multimídia. Confirma a seguir os principais trechos da entrevista.
O futuro do livro é incerto, mas o processo de digitalização já começou, com os e-books, iPads e outros dispositivos. Em relação às obras didáticas, o que é possível constatar?
É possível dizer que temos uma revolução escondida. Uma revolução que já começou, mas que escapa à nossa observação porque acontece no processo de produção do livro didático. Ao produzi-lo, já utilizamos todos os artefatos tecnológicos disponíveis. Porém, o que se analisa agora é quando isso estará presente na versão final do livro, ou seja, quando ele será completamente multimídia e virtual. Muitos estudiosos apontam que a educação levará mais tempo do que outras áreas para incorporar todas essas inovações.
Qual a razão dessa demora?
No meio educacional, as tecnologias demoraram mais a serem incorporadas, em virtude das mudanças que elas imprimem nos padrões, na formação dos educadores, na produção do material de apoio e na infraestrutura das escolas. Novas tecnologias requerem novos conteúdos, e, para isso, é preciso profissionais capacitados, preparados para produzir esse novos conteúdos. Além disso, o professor que irá usar essas ferramentas também precisa ser formado para a essa tarefa.
Então, o que ocorre nesse processo não é a simples digitalização do conteúdo impresso, mas, sim, a criação de novos conteúdos.  
É importante lembrar que, quando falamos desse processo, abordamos três elementos distintos: o livro didático impresso, o livro didático impresso digitalizado - e isso já fazemos - e o livro 100% virtual. Nesse último, o que ocorre não é a simples transferência do impresso para o digital. É uma outra comunicação, que acontece em outra mídias. E acho que esse é o grande desafio: a maneira como organizamos os conteúdos na mídia impressa é diferente da maneira como o fazemos na mídia digital.
Esse novo tipo de conteúdo, mais familiar aos alunos que já utilizam as tecnologias fora da sala de aula, pode alimentar o interesse dos estudantes pelo que se ensina nas escolas?Quando trabalhamos com soluções digitais, procuramos entrar em sintonia com a linguagem do aluno. Mas essas soluções precisam ser utilizadas com orientação pedagógica para que sejam significativas. Caso contrário, viram só distração.
Como evitar que o livro didático digital seja uma armadilha? Eu costumo dizer que o meio digital evidencia uma aula mal dada. Às vezes, temos uma aula que não foi a ideal, mas não há registros dela. Já com a tecnologia digital tudo fica registrado. Então, é preciso usá-la para enfatizar boas práticas, para ilustrar situações que não seriam possíveis de outra forma. A tecnologia é um recurso poderoso, viável e possível e não deve ser usado como enfeite. Para isso, é importante pensar quais recursos são relevantes para esse novo ambiente. Caso contrário, retira-se essa relação afetiva que temos com o papel e com a leitura sem adicionar nenhum ganho.
Quais podem ser os ganhos da adoção da tecnologia na educação? 
São as possibilidades de interação, de animação, de ilustração, de relacionar os conteúdos e fazer pesquisas. Em disciplinas como química, física e biologia, por exemplo, é possível simular situações. O professor pode ainda trabalhar infográficos de tempos históricos e evoluções geológicas. Pode trabalhar com pesquisas imediatas dos assuntos que estão sendo trabalhados naquele momento. É possível estimular o aluno para a possibilidade de troca, de colaboração, de construção do conteúdo em conjunto. Esse tipo de habilidade e competência é uma demanda do mercado de trabalho. E se o aluno começar a vivenciar isso no mundo da escola, ele vai poder ter essa habilidade como algo natural no mundo do trabalho.
Quais as dificuldades envolvidas na criação de um livro didático multimídia? 
Precisamos conceber um produto diferente, não apenas digitalizar o que já existe. Além disso, precisamos viabilizar o acesso a todas as escolas brasileiras, nos mais remotos lugares. Aí, temos o desafio da entrega – e também da produção. Hoje, apenas começamos a trabalhar com alguns componentes agregados, ou seja, a pensar conteúdos de forma integrada.
As empresas de sistemas de ensino já estão se preparando para essa nova realidade?
Já. A digitalização de livros e apostilas já existe. O que começamos a fazer agora é desenvolver o material integrado: o meio impresso e o meio digital. O esforço é na produção de conteúdos virtuais, cada vez mais relevantes, integrados e efetivos. Ainda não pensamos em um produto 100% digital porque pensamos antes no material impresso, e depois partimos para o virtual. Acredito que pensar a totalidade do produto no ambiente virtual seja o nosso próximo passo.
Alguns especialistas pregam o fim do livro tal como nós o conhecemos, enquanto outros defendem que, apesar dos avanços tecnológicos, ele jamais deixará de existir. Quais são suas previsões? 
Acho que ainda é cedo para previsões. Contudo, é hora de pensar nas evoluções da integração das mídias e se preparar para elas. Particularmente, não acredito que teremos uma mídia só. Aposto em uma segmentação. Nós pensaremos sobre qual a melhor forma de transmitir cada conteúdo. Ainda temos gerações que possuem uma relação muito próxima com o livro e alguns conteúdos seguirão sendo consumidos na mídia impressa. O que talvez tenha mudado é que hoje avaliamos o conteúdo antes de consumi-lo. Então, baixamos um livro no Kindle, por exemplo, e, se gostamos da leitura, compramos a versão impressa.

Por que professores e escolas não caem nas redes sociais?

Simão Marinho, da PUC-MG, fala sobre as dificuldade de integrar educação e sites

Nathalia Goulart
Thinkstock
(Thinkstock)
Uma pesquisa realizada pelo Ibope revelou que 87% dos usuários de internet do país utilizam uma rede social - 83% deles usam esses serviços para finalidades pessoais. É legítimo supor que estudantes e professores também se relacionam por meio daqueles sites. Contudo, se as redes são hoje território da amizade, da diversão e da paquera, ainda é difícil pensar em usos pedagógicos para a ferramenta. Pelo menos é isso que conclui Simão Marinho, coordenador do programa de pós-graduação em educação da PUC-MG e assessor pedagógico do programa Um Computador por Aluno, do governo federal. “A escola é como uma cidade com muros que a limitam. Já o Facebook ou o Orkut são inverso disso – são praças públicas onde podemos encontrar todo o tipo de elemento”. E isso, segundo o especialista, assusta escolas e professores. Confirma a seguir os principais trechos da entrevista com Marinho, convidado a falar sobre o tema em um painel especial da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que se encerra neste domingo.
As redes sociais já fazem parte da educação?
Do ponto de vista pedagógico, acredito que ainda não há nenhum impacto das redes sociais virtuais na educação. Fora da escola, ou mesmo para entrar em contato com os amigos da escola, os alunos fazem uso das redes – Orkut, Facebook, MySpace –, mas elas ainda não são usadas para outros fins.
Quais os entraves à aproximação entre escolas e redes digitais? 
A primeira dificuldade está na estrutura da escola e na postura do professor. Dificilmente, eles chegariam ao modelo ideal de rede, que é aquela que não tem centro, não tem comando nem poder. Dentro dessa estrutura, vejo uma enorme dificuldade para a escola fazer uso dessas redes porque seria preciso que os que os professores não se sentissem comandando alunos, determinando tarefas. Além disso, existem alguns riscos nas redes sociais que a escola não quer assumir, como o da segurança, do bullying e da pedofilia. Por tudo isso acredito que hoje a escola não está na rede, e a rede não está na escola.
A liberdade característica das redes sociais é um empecilho?
Sim. A escola é como uma cidade com muros que a limitam. Já o Facebook ou o Orkut são inverso disso – são praças públicas onde podemos encontrar todo o tipo de elemento, do mais benigno ao mais nocivo. Isso sem dúvida é um complicador, porque nem todos que estão ali são os parceiros de escola.
Se a escola ainda não está na rede, o senhor sente uma demanda dos alunos para que ela esteja? Acho que os alunos não estão interessados nesse envolvimento. Se você descola da questão educacional, eles se envolvem nas redes e até abordam questões ligadas à escola, mas não são questões ligadas ao aprendizado. Tive acesso a uma pesquisa nos Estados Unidos onde a maioria dos alunos pedia aos professores que não estabelecessem contato nas redes sociais. É como se dissessem: ‘Acabou a hora da aula, não quero mais falar com você’. Isso acontece, em parte, porque os alunos usam essas redes inclusive para criticar os professores. O Orkut, por exemplo, tem aquelas comunidades ‘Eu odeio o professor fulano’. Então os alunos não querem o professor na rede. Com esse tipo de uso, a escola fica ainda mais desconfiada em usar as redes.
Fora da sala de aula, os alunos e até os professores fazem uso das redes sociais por lazer. Transformar esse lazer em aprendizado é um desafio? 
É um grande desafio. O ideal seria que o aprendizado tivesse o mesmo gosto saboroso do lazer e fosse uma fruta tão tentadora e suculenta quando a fruta da diversão. Porque os alunos e professores vão atrás disso nas redes sociais, eles querem a conversa afiada com o amigo, trocar ideias, fazer planos para o fim de semana. Algumas escolas isoladamente já conseguiram superar esse desafio, mas são poucas. Não estou dizendo que não funcione, mas acredito que ainda não encontramos a fórmula para isso.
Quais seriam as vantagens de uma escola integrada às redes sociais?
A vantagem maior seria que as escolas, os professores e os alunos conversassem entre si e trocassem experiências. Mas a discussões deveria girar em torno da educação ou a rede social vira apenas um playground, uma área de lazer e entretenimento. E para que isso aconteça é preciso que cada nó dessa rede tenha uma importância e contribua para a discussão, porque a comunicação por esse meio pressupõe igualdade, sem ninguém controlando as cordinhas da rede. E acredito que esse seja um complicador para as escolas.
O que escolas e educadores devem evitar em matéria de redes sociais?
Os professores não devem reprisar na virtualidade aquilo que está acontecendo na sala de aula, ou seja, devem buscar expandir na internet os conteúdos ensinados na escola. Os conteúdos são importantes, mas tratar de assuntos que extrapolem o aprendizado também pode ser interessante. Por exemplo, professores e alunos podem discutir o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas redes sociais. Podem – e devem – discutir o vestibular, dificuldades, carreira. Se a escola começar a criar essas espaços e fóruns, pode ser que a rede funcione. 
Alguns entusiastas defendem que o bom uso das redes sociais pode funcionar como catalisador da reinvenção da escola. O senhor acredita nisso?
Isso é coisa de entusiasta! Não podemos jogar na ferramenta o peso da inovação pedagógica. Nenhuma máquina muda a escola. O que muda a escola é o professor e não acredito que apenas o fato de ele se integrar a uma rede social mude alguma coisa. Antes disso, ele precisa entender que a educação hoje tem um outro significado. Hoje o professor já não é a única fonte de informação que ele aluno tem. Ele precisa entender que o papel dele é criar estratégias para que o aluno aprenda, seja com a escola, com a internet, com o celular ou com o livro.
O senhor é assessor pedagógico do programa do governo federal Um Computador por Aluno (UCA). O que de fato os alunos desenvolvem com a ajuda do computador?Com o computador, eles têm acesso a fontes de informações diversas, além de ter nas mãos a possibilidade de se expressar por linguagens multimidiáticas. O laptop do UCA é computador, comunicador, telefone, câmera de vídeo e fotográfica, gravador digital, entre outros. Ele é fundamentalmente um instrumento para a linguagem múltipla que eu utilizo quando preciso. E junto com a discussão da inovação tecnológica tentamos discutir a inovação pedagógica. E só assim poderemos transformar a escola.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Profissional promove a inclusão digital.

Matéria do Jornal Diário do Nordeste - 06/08/2012

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1167256

Com forte demanda, instrutores dão aulas particulares sobre uso de equipamentos e novas tecnologias

Enviar um e-mail, acessar o Facebook e atender uma ligação em um smartphone podem parecer tarefas simples para a maioria das pessoas, mas, para quem não está familiarizado com o mundo digital, estas ações básicas tornam-se complexas e acabam dificultando bastante a vida nos dias de hoje. No entanto, muitos ainda desconhecem a existência de um profissional capaz de resolver estes problemas de forma cômoda e eficiente: o chamado "personal trainer" de informática.
Assim como o especialista em educação física, o "treinador" de informática dá aulas particulares nas próprias residências dos alunos - uma mão na roda para aqueles que não têm tempo ou disposição para encarar os cursos tradicionais da área. Entretanto, ao invés de exercícios de aeróbica e musculação, o conteúdo das aulas está relacionado ao universo virtual.

Mônica Gadelha e sua aluna Maria do Carmo, que vê o serviço do "personal trainer" de informática como essencial para as pessoas da terceira idade FOTO: VIVIANE PINHEIRO


Segundo a cearense Mônica Gadelha, personal trainer de informática há mais de 15 anos, o programa das aulas é elaborado de acordo com a demanda de cada aluno. Entre os temas mais requisitados estão o funcionamento de ferramentas de edição de texto, a instalação de softwares no computador e, claro, o acesso à web. "A procura maior é pela internet. Eles querem saber como se utiliza o Facebook, o e-mail, e também como se manuseia o celular", explica Mônica.

Alta demanda

Segundo a profissional, a grande maioria dos vinte alunos que atende hoje é formada por pessoas da terceira idade, muitos aposentados, que desejam se atualizar sobre as novidades do mundo da tecnologia.

De acordo com Mônica, o interesse desse público cresceu significativamente nos últimos anos, e foi motivado, em grande parte, pelo sentimento de exclusão digital presente nos que possuem mais de 50 anos de idade. "Muitos dos alunos ficam com vergonha porque seus netos sabem usar essas ferramentas e eles não. Eles se sentem inferiores a essa nova geração", conta a personal trainer de informática.

Uma de suas alunas, a aposentada Maria do Carmo Libério Cavalcante, de 67 anos, conta que, mesmo longe do trabalho, ainda utiliza ferramentas de informática no dia a dia e, por isso, decidiu procurar a personal trainer.

"Eu já tinha uma iniciação em informática, mas precisava de mais uma orientação na parte de digitação, de recursos do [Microsoft] Word. Apesar de ser aposentada, às vezes preciso redigir um texto ou uma planilha de despesas", afirma a usuária Maria do Carmo.

Segundo a aluna, que é orientada por Mônica há cerca de três meses, assistir às aulas particulares de um personal trainer pode ser mais vantajoso do que os cursos comuns. "A praticidade e o comodismo são dois atrativos. Além disso, é melhor ter as aulas no meu computador, no meu aparelho, do que em um curso com equipamentos diferentes", destaca a aposentada.

Maria do Carmo afirma que pretende seguir com o treinamento, pelo menos, até o fim do ano, e vai utilizar este período para tirar mais algumas dúvidas sobre a informática em geral. "Esse serviço é muito importante, principalmente para pessoas da terceira idade. Nessas tecnologias novas, nós temos mais dificuldade que os mais jovens, então é essencial", enfatiza.

Consultoria
Além do público da terceira idade, Mônica Gadelha também atende empresas interessadas em oferecer treinamento aos funcionários. As aulas nesses ambientes geralmente incluem fundamentos de programas de elaboração de planilhas eletrônicas e softwares de gerenciamento empresarial.

A personal trainer de informática também presta serviços de consultoria sobre aparelhos eletrônicos em geral, tanto na hora da compra do equipamento como no manuseio.

"Os aparelhos mudaram muito. Hoje tem celulares melhores, tem os tablets. Mas alguns alunos têm muito medo de apertar alguma coisa e ´explodir´ o equipamento. Então, a gente incentiva para que eles aprendam a usar. É só uma questão de querer", diz Mônica Gadelha. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Longe mas perto

As mudanças são extensas desde que foi possível a conexão ao mundo virtual. Fazer uma Pós Graduação se tornou algo bem menos desgastante já que você não precisa sair de casa. Você consegue evitar transito, gastar com passagem de ónibus, ou mesmo com combustível de carro. Alem de tudo existe a praticidade de decidir que melhor momento para estudar, podendo adaptar de acordo com seu trabalho.

Muitas vantagens realmente se obtém com a educação a distancia, porem se perde muito nas relacoes humanas. Quando vemos casos como do rapaz que matou 12 pessoas e feriu59,num cinema na cidade de Aurora no Estado do Colorado, http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2012-07-20/atirador-mata-ao-menos-10-pessoas-em-sessao-do-batman-nos-eua.html se questionamentos ate que ponto o isolamento real se torna algo perigoso para a sociedade a partir do momento que mergulhamos num mundo virtual onde criamos uma realidade própria que nem sempre condiz com o que realmente.
Na nossa época realmente se torna necessário conexão com as novas ferramentas pois elas nos ajudam a nos relacionar melhor e de uma maneira mais democrática com o mundo atual. Quem ganha com tudo isso com certeza 'e a própria sociedade.
Basta também lembrar de que podemos ter aulas a distancia por vídeo, áudio, texto. temos a conexão direta com nossos professores através das redes sociais, principalmente no face com as comunidades através das comunidades das disciplinas. Aqueles mais retraídos na sala de aula encontram espaço propicio a expansão de suas ideias.
Existe a necessidade  de ainda essas plataformas de ensino chegarem a 100% da população mundial.